J.K. Rowling Volta a Ser Transfóbica No Twitter
Neste último sábado, dia 06 de junho, a autora J.K. Rowling cometeu mais um ato de transfobia. A autora criticou o termo "pessoas que menstrua" que foi utilizado em uma matéria sobre o mundo pós COVID-19, esse termo é usada para se referir às pessoas que nasceram biologicamente do sexo feminino, no entanto, como existem pessoas que não se identificam com o sexo o qual foi atribuído no nascimento, o termo foi criado para que pessoas trans e não binárias não tenham suas identidades de gênero deslegitimada, e que estas pessoas não sejam excluídas.
No entanto, não é a primeira vez que a autora é acusada de transfobia. No início de 2019, um fã da autora viu que a mesma havia curtido um post transfóbico. Na época os representantes da autora informaram que ela havia curtido o post por acidente, pois ela estava utilizando o telefone de forma inadequada. No entanto, em dezembro de 2019, J.K. Rowling demonstrou apoio à Maya, uma mulher que havia sido demitida da ONG em que trabalhava, pois não respeitava o nome social e os pronomes corretos de pessoas trans. Maya estava em uma batalha judicial contra a ONG, pois, a mesma estava tentando voltar ao seu antigo emprego. A ONG decidiu demiti-la, pois, como a ONG lidava com diferentes tipos de pessoas em situação de vulnerabilidade, ter alguém que não respeitava os pronomes e os nomes sociais adequados causava constrangimento nas pessoas trans que buscavam ajuda na ONG. Muito fãs da autora se colocaram contra o posicionamento tomado pela mesma, assim como muitos sites de notícias, inclusive nosso blog (veja nosso artigo sobre o caso). Na época, J.K. Rowling chegou a abandonar o Twitter.
Ela só voltou a ser ativa em suas redes sociais em março deste ano. Muitos fãs a receberam de braços abertos, deixando o ocorrido de dezembro no passado. Em sua volta ao Twitter ela falava sobre o COVID-19, e demonstrou apoio às famílias e profissionais que estavam na luta contra o Corona Vírus. Algum tempo depois de sua volta, fãs da autora viram que ela tinha curtido um post transfóbico novamente. Outra vez os fãs se colocaram contra a atitude de Rowling, mas esse caso acabou não ganhando muita notoriedade. O tempo passou e Rowling havia curtido mais alguns posts transfóbicos, mas não teve tanta notoriedade. No final de maio, Nicola Spurling, uma mulher trans canadense, retweetou uma matéria que falava sobre O Ickabog, novo livro da autora. No retweet, Nicola falava que J.K. Rowling não era confiável perto de crianças, Rowling quando viu o post, pediu para que Nicola o deletasse, caso o pedido da autora não fosse atendido, ela entraria com um processo contra a mesma, sendo assim, Nicola acabou deletando seu post. Dr Adrian Harrop fez um post defendendo Nicola, ele ainda comparou Rowling com um pedófilo. Após receber muitas críticas, ele acabou apagando o post, e se desculpou com a autora pela comparação.
Os dias se passaram, e ontem, 06 de junho, J.K. Rowling criticou uma matéria que se referia a mulheres cis e homens trans como "pessoas que menstrua". No post, a autora disse que antes estas pessoas eram chamadas de outra maneira, ela "brincou" escrevendo Woman de outras maneiras como: Wumben, Wimpund e Woomud. Veja o print abaixo:
Tradução
"Se o sexo não é real, não há atração pelo mesmo sexo. Se o sexo não é real, a realidade vivida pelas mulheres em todo o mundo é apagada. Conheço e amo pessoas trans, mas apagar o conceito de sexo remove a capacidade de muitos de discutir suas vidas de maneira significativa. Não é ódio falar a verdade".
Posteriormente, ela fez uma crítica às pessoas que afirmavam que "o sexo não é real". Segundo ela, afirmar que o sexo não existe faz com que a realidade vivida pelas mulheres cis, gays e lésbicas de todo o mundo seja apagada. A autora completou falando que respeitava os direitos de todas as pessoas trans, ainda segundo ela, a mesma marcharia junto com pessoas trans caso as mesmas sofressem transfobia, mas que ela continuaria defendendo que o sexo é real. Após isso, muitos criticaram a atitude da autora, incluindo fãs e pessoas famosas como: Halsey, Chris Rankin (Percy Weasley da série Harry Potter) e Sarah Paulson.
Para Rowling, negar o sexo biológico é o mesmo que negar o fato de que mulheres cis sofreram com o machismo durante décadas, apenas por elas terem nascido em um "corpo feminino", ou que gays e lésbicas sofrem preconceito até hoje apenas por gostar de alguém do sexo. Para ela, o apagamento do sexo faz com que todo o preconceito, toda a invisibilização da sociedade e toda a luta dessas pessoas para conquistar seu espaço na sociedade seja apagada. Ela acredita que se o sexo não é real, como mulheres sofrem com o machismo até hoje? Ou que em nossa sociedade contemporânea, gays e lésbicas ainda sofrem preconceito por gostar de alguém do mesmo sexo?.
Vale lembrar que sexo e gênero não é a mesma coisa. Sexo é aquele o qual a pessoa nasce (masculino, feminino ou interssexo), já a identidade de gênero é aquilo o qual o indivíduo se identifica, por exemplo, uma pessoa nasce do sexo feminino, mas essa pessoa não se identifica com o gênero feminino, esta pessoa se identifica como sendo do gênero masculino, então esta pessoa é um homem trans. Também é válido ressaltar que a luta da comunidade trans não é para que o sexo seja apagado, mas sim, que o gênero pelo qual as pessoas se identificam seja legitimado e reconhecido. A luta da comunidade trans é sobre o reconhecimento, é sobre aceitação e também contra a violência e marginalização que essas pessoas sofrem por parte da sociedade.
Mais uma vez, nós do Wizard Express ressaltamos que não compactuamos com nenhum tipo de preconceito, sendo assim, REPUDIAMOS veementemente tais atitudes de J.K. Rowling.
Este artigo foi escrito por Giuliano Gomes. Clique sobre seu nome para o seguir no twitter.
[ATUALIZAÇÃO]
K.K. Rowling posta texto se explicando sobre acusações de Transfobia. Veja tradução do texto
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