[CRÍTICA] Liga da Justiça: Um Filme Para Os Fãs

Em 2017, a Warner, em uma péssima decisão criativa e profissional, lançou o filme ‘Liga da Justiça’. O filme, primeiramente, era dirigido por Zack Snyder, mas, após ter problemas pessoais, ele foi afastado do projeto. Para capitalizar o filme, então, a Warner passou sua direção para Joss Whedon, que foi responsável pelos dois primeiros filmes dos ‘Vingadores’. Não tendo muitas chances de dar certo, o filme se tornou uma colcha de retalhos com péssima bilheteria e não agradou a ninguém – nem aos críticos nem aos fãs. A partir disso, surgiu, na Internet, um movimento que pedia a versão do diretor de ‘Liga da Justiça’. Essa versão ficou conhecida como ‘SnyderCut’. Eu não acreditava, na época, na possibilidade da existência desse filme misterioso. Com o passar dos anos, contudo, a ‘Liga da Justiça do Zack Snyder’ se tornou cada vez mais real e, finalmente, nessa semana, esse corte chegou para nós.

‘Liga da Justiça do Zack Snyder’ é dividido em seis capítulos e um epílogo e, como diz seu próprio nome, é do Zack Snyder. Tem 4 horas de duração e é lotado das mais conhecidas características de Snyder. A maior parte das cenas se passa à noite e os momentos em câmera lenta são frequentes. Na minha opinião, essa decisão foi terrível na maior parte das vezes: o slow motion está presente em absolutamente tudo; desde Bruce Wayne se barbeando a algum personagem pegando café em uma lanchonete. O maior problema desse filme é tentar ser grandioso, com músicas épicas e frases motivacionais. Ao invés disso, tornou-se bastante cansativo – principalmente nos dois primeiros capítulos – e com diálogos péssimos.

Outra problemática contida nessas 4 horas de filme é a interação entre os personagens. Claro, há diálogos legais, mas, em sua maior parte, as interações não são boas. Não acho que a culpa seja inteiramente de Zack, mas sim do projeto da Warner em 2017. Na época, com o lançamento de ‘Guerra Infinita’ se aproximando em 2018, a Warner queria ser mais rápida. No entanto, o único personagem que possuía um filme de origem era o Superman, tornando arriscada a tentativa de criar um crossover. Isso refletiu negativamente nos personagens. Outro ponto negativo – e calma, eles já estão terminando – é o humor e algum dos efeitos especiais. As piadas são completamente sem graça e ruins, enquanto os efeitos especiais tentam ser grandiosos e falham nisso. O principal exemplo disso é a aparência do Lobo da Estepe que, apesar de ter muitos mais detalhes do que a versão de 2017, parece um vilão de algum videogame. No epílogo, principalmente no pesadelo, os efeitos especiais pioram ainda mais. Parece que tudo foi feito correndo e, por isso, ficou como um fã filme – dos bons, mas, ainda assim, um fã filme.

Apesar dos vários pontos negativos, esse é o melhor filme do Zack Snyder na DC. Nele, diferentemente da versão do Joss Whedon, há um bom desenvolvimento de alguns personagens – principalmente o Ciborgue. Embora haja repetidas cenas de flashback, conseguimos realmente criar uma grande afinidade com o personagem. Isso é, com certeza, uma proeza, visto que não houve nenhum desenvolvimento dele em outros filmes. Outra coisa boa é a coerência do filme: enquanto a versão de 2017 era uma colcha de retalhos, essa é uma colcha completa e de acordo com os pensamentos de Snyder. Sua versão é a definição de “ame ou odeie”. Caso você ame, esse filme será um prato cheio e saboroso. Caso não goste, acho muito difícil aproveitá-lo. A visão de Zack sobre os heróis é bastante específica. Eles matam, pulverizam e decepam sem ressentimento algum, até mesmo na frente de crianças. Não é especialmente algo que me agrade – não gosto de ver meus heróis favoritos empalando vilões e em cenas sangrentas. Contudo, respeito quem goste e entendo que os amantes e admiradores dessa visão ficarão satisfeitos. E, da mesma forma que ama colocar cenas em câmera lenta, Snyder também adora pôr músicas de fundo. Também amo isso, mas, aqui, muitas músicas não encaixam e ocasionalmente o todo fica bastante estranho.

Durante minha infância, sempre acompanhei mais a Marvel e, por isso, apesar de amar a DC – principalmente suas animações –, não sou um grande fã. Tenho certeza de que os fãs irão amar e venerar esse filme. Isso não aconteceu comigo, mas ainda estou em meu direito de criticar – afinal, um bom filme é feito para todos, e não para alguns.

Enfim, esse é um filme nota 6. Resumindo, é o verdadeiro ‘Liga da Justiça’, que encerra com humildade a jornada de Zack Snyder na DC. Em 2017, minha nota foi 3, então é notável a grande evolução do filme. Mesmo assim, é bom lembrar que, caso esse filme chegasse ao cinema em 2017, não seria o mesmo – Warner jamais permitiria um filme de 4 horas. Porém, faço a crítica baseada em minha experiência final, e ela foi boa.

ALERTA DE SPOILER

Para mim, o pior capítulo do filme é o epílogo. Apesar da interessante aparição do Coringa de Jered Leto e da mensagem do pai do Ciborgue, o epílogo é uma preparação para o futuro. Entretanto, não haverá futuro e muitas coisas ficaram soltas e sem função na história. O principal exemplo disso é a aparição do Caçador de Marte.

Durante o texto, citei a extrema violência dos heróis. Essa minha opinião foi baseada em algumas cenas específicas, como a Mulher Maravilha pulverizando um único ladrão na frente de uma turma escolar e decapitando o Lobo da Estepe; o Batman metralhando; o Aquaman empalando e outras coisas que, para mim, não são exatamente legais de se ver.

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