ETERNOS: Uma Jornada de Autoconhecimento e Religiosidade

‘Eternos’ é uma história complexa, com mensagens e personagens também complexos, que narra a conflituosa relação familiar entre seres imortais que foram responsáveis pelo crescimento populacional na Terra e, também, pelo crescimento intelectual (a inteligência) dos seres humanos. No entanto, mesmo sendo seres poderosos e imortais, eles entram em um dilema e se descobrem como meras peças de um quebra-cabeça cruel e em um plano genocida.

Diferentemente da maioria dos filmes da Marvel, esse não é apenas um simples filme de super-heróis e fantasia – ele é uma ficção científica que traz grandes reflexões sobre a importância da família, sobre a humanidade e a relação entre deuses e criados – será que há livre arbítrio? O filme não busca trazer grandes respostas. Aliás, embora traga importantes reflexões, ‘Eternos’ não busca ser um filme magnífico ou se tornar um clássico da cultura. Na verdade, ele tem uma missão bastante simples: trazer uma história coesa, com mensagens bonitas e reflexões essenciais; além de, claro, ser um enorme blockbuster de super-herói – e ele consegue tudo isso. ‘Eternos’ é o maior filme da Marvel desde ‘Ultimato’, e um dos mais bonitos do MCU.

Todos conhecem a ‘Fórmula Marvel’, receita que funciona e gerou bilhões de dólares para a Disney. Havia uma época em que muitos acreditavam que era a única forma possível para um filme ser bom. Confesso, eu acreditava que um filme com 10 personagens nunca daria certo. Eu não poderia ficar mais feliz em dizer que estava totalmente errado. A maravilhosa e talentosa Chloé Zhao conseguiu nos apresentar todos os ETERNOS, cada um com sua personalidade própria e crenças diferentes. Aqui, é inevitável a comparação com outro grande blockbuster lançado recentemente: DUNA. Nesse filme, assim como em ‘Eternos’, há diversos personagens. Contudo, Denis Villeneuve não teve o mesmo acerto de Chloé Zhao – ele trouxe personagens genéricos com pouco, ou nenhum, desenvolvimento. Assim, a nossa conexão com os personagens é bem fraca. Felizmente, em ‘Eternos’, temos um carinho e amor (ou menos amor rs) por cada ETERNO. Mesmo com pouco tempo de tela, cada personagem é maravilhoso e, obviamente, quero ver alguns novamente. Apesar do distanciamento da ‘Fórmula Marvel’, ‘Eternos’ ainda utiliza alguns ingredientes dela – a Zhao inovou, mas aquele humor característico da Marvel ainda está lá; e também as músicas populares.

Além de tudo isso, a maior qualidade de ‘Eternos’ é a representatividade, aqui feita não de forma vazia ou desrespeitosa, mas de forma linda e emocionante. Dito isso, quero destacar um dos pontos mais altos do filme: o elenco. Meu Deus! Mesmo com pouco tempo de tela para cada um, todos atores conseguiram entregar personagens memoráveis e muito carismáticos. Aqui, quero destacar Barry Keoghan, que interpreta o Druig (meu personagem favorito, sem dúvidas) e para Lauren Ridloff, que dá vida a Makkari – mesmo sem muito destaque, ambos conquistaram meu coração e me emocionaram. Claro, todos os outros do elenco foram magníficos: Angelina Jolie, apesar do pouco destaque, fornece uma Thena perfeita, que aparentemente terá mais destaque no futuro; Richard Madden captou a essência de seu personagem, o Ikaris. Gemma Chen consegue carregar o protagonismo de forma muito interessante. Enfim, são muitos atores e atrizes esplêndidos. Outro destaque vai para Kumail Nanjiani, que interpreta o Kingo, o personagem que traz o humor do filme. O ator conseguiu fazer rir sem parecer algo forçado. Sim, o filme faz rir, dei boas gargalhadas.

Para concluir, responderei a uma das maiores dúvidas: o filme é chato? Definitivamente não, mas é o mais lento entre todos os outros filmes do MCU. Isso, contudo, não é algo negativo, pois o filme reconhece a lentidão e abraça isso. Ora, como dito antes, o filme traz muitas reflexões e, apesar de não possuir cenas de luta frequentemente, as presentes são muito boas.

O FUTURO DA MARVEL – COM SPOILERS

Como dito anteriormente, o filme não abandona completamente a ‘Fórmula Marvel’. Por isso, há sim as famosas conexões. Há claras menções a personagens conhecidos: Doutor Estranho, Thanos, Steve Rogers e Tony Stark. Há, inclusive, citações a outros universos – Batman e Superman – e um personagem, que aparece na última cena pós-créditos, que será importante para o futuro da Marvel: Dane Whitman, interpretado por Kit Harington, o famoso Jon Snow, que será o futuro Cavaleiro Negro. Nas cenas pós-créditos, Dane está prestes a tocar em uma antiga espada, mas é impedido por uma voz – que não sabemos a quem pertence, mas chuto que possa ser o Blade. Afinal, a espada antiga – que talvez seja a Espada de Ébano – tem uma natureza bem misteriosa no filme. Por fim, na primeira cena pós-créditos, nós conhecemos Starfox, o irmão de Thanos, interpretado pelo cantor – e agora ator – Harry Styles. A aparição dele é precedida por um troll chamado Pip. Na cena, a equipe ETERNOS está dividida, pois Druig, Makkari e Thena vão ao espaço procurar outros ETERNOS para explicar o plano genocida dos Celestiais; enquanto Sersi, Kingo, Phastos e a ex-ETERNA – e humana – Sprite ficam na Terra, esperando pelo julgamento dos Celestiais.

Não entendeu? Vou explicar, só para garantir. Para ocorrer o nascimento de um Celestial, é necessário um planeta com muitas vidas inteligentes. Para isso, os Celestiais enviam os ETERNOS à Terra, a fim de, quando houver muitas vidas inteligentes, ser possível o nascimento de outro Celestial – ou seja, um plano bastante cruel. No entanto, os ETERNOS não têm ciência disso – exceto Ikaris e Ajak. Por isso, a maioria deles se revolta e entra em uma missão para impedir o nascimento de qualquer Celestial na Terra e, assim, salvar bilhões de vidas. Contudo, Ikaris é contra essa missão, tornando-se o vilão do filme. No fim, os outros ETERNOS conseguem realizar o necessário e impedir o fim dos humanos. Há, porém, uma consequência: um Celestial permite a continuidade de sua vida na Terra, mas eles precisaram passar por um julgamento no final, onde será analisado se tudo isso valeu a pena e se a humanidade mereceu ser salva.



Revisado por: Stella Maya de Amorim

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